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Firjan debate a força da economia azul no Seminário Ação Ambiental 2021

No planeta majoritariamente ocupado pelas águas, a chamada economia do mar movimenta cerca de US$ 1,5 trilhão globalmente, e esse valor pode dobrar até 2030, de acordo com projeções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). As potencialidades da ciência, inovação, tecnologias e cooperação na economia azul foram tema do terceiro painel do Seminário Ação Ambiental 2021, em 09/12, promovido pela Firjan com patrocínio da Fundação Grupo Boticário, da Ternium e da OceanPact.

Mediado por Antonio Augusto Fidalgo Neto, pesquisador-chefe do Instituto SENAI de Inovação em Química Verde e do Instituto SENAI de Inovação em Inspeção e Integridade, o painel tratou do potencial científico, tecnológico e inovador dos mares, e como as redes de cooperação podem ser fundamentais nesse cenário.

Lars Urheim, cofundador da Ogoori, apresentou um case de modelo de negócio que se vale do aproveitamento do plástico para a confecção de mobiliário. “Não estamos retirando o plástico de verdade do meio ambiente. Ou o material recolhido tem sido incinerado, gerando novas emissões, ou vai para os lixões e, neste caso, também acaba emitindo gases do efeito estufa”, alertou. O projeto da Ogoori consiste na construção de uma rede colaborativa, que tem início em trabalhadores voluntários que fazem a coleta do resíduo, que, então, será processado em material granulado, servindo de matéria-prima para novos produtos, como os móveis. Ou seja, um conceito de economia circular que traz ganhos de valor em todas as etapas do processo.

Ao lado de ações do mundo privado, como faz a Ogoori, há iniciativas importantes da área acadêmica. Marinella Silva Laport, chefe do Departamento de Microbiologia Médica do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentou resultados do trabalho de pesquisa de sua equipe com esponjas marinhas e bactérias nelas alojadas. A cientista revela que as esponjas são espécies com alta capacidade de adaptação a ambientes hostis, tanto que existem há 600 milhões de anos. São ainda capazes de filtrar cerca de 2 mil litros de água por dia, se alimentam dos nutrientes captados nesse processo e ainda liberam uma parte ao ecossistema.

Sustentabilidade e sequestro de carbono em manguezais e outros ecossistemas costeiros foi o tema desenvolvido por Magno Botelho Castelo Branco, líder de projetos de Soluções Baseadas na Natureza (SbN) da Ecosecurities. “Os mangues, restritos a regiões tropicais do mundo, estão sujeitos às ações das marés e estão ameaçados devido à elevação do nível do mar e à especulação imobiliária”. Nessas áreas, o carbono fica estocado no solo. Por isso, a importância de se preservar os manguezais e restaurar a hidrologia da região”.

Já Rodrigo Cappato, engenheiro elétrico líder da CorPower Ocean, empresa sueca de tecnologia de energia de ondas do mar, também aposta em integração energética. “O potencial de energia dos oceanos seria de 500 GW – 10% da capacidade global de eletricidade, semelhante ao potencial da energia nuclear, o que poderia reduzir de 1 a 2.2 gigatons/ano de carbono. Não acreditamos em solução única. A energia das ondas do mar se integra com as energias eólica e solar no grid, trazendo mais estabilidade para a rede”. O maior desafio da empresa, que vem testando protótipos, é produzir conversores que sobrevivam às condições extremas do mar.

No final do evento, foi apresentado o 1º episódio da websérie “Guanabara – Baía que resiste”, realizada pela O Eco e encomendado pela Fundação Grupo Boticário que é uma das patrocinadoras do Ação Ambiental. O seminário também conta com patrocínio da Ternium e da OceanPact.

Fonte: Firjan.